O
Bairro dos Fetais, em Camarate, é um dos 26 bairros desta vila,
situada a norte do aeroporto de Lisboa. Trata-se de um bairro típico
de periferia, construído com muito sacrifício pelos seus
habitantes, mas sem um plano urbanístico. Um bom número de casas
são de dimensões reduzidas e apresentam sinais evidentes de
degradação. À população, proveniente de todos os recantos de
Portugal, têm vindo a juntar-se famílias imigrantes provenientes de
países como Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Angola,
Bangladesh, Paquistão, etc.
Muitas
destas famílias são mono-parentais
onde a mãe faz também de pai e é obrigada a trabalhar muitas horas
para poder sobreviver, saindo de casa pelas 05h00 e voltando pelas
20h00 e mais tarde. Isto significa que as crianças são deixadas
entregues a si próprias durante o tempo que não estão na escola e
assim, como consequência, o rendimento escolar é muito baixo.
A
Associação Jovem Despertar, iniciativa da Família Comboniana,
surgiu como resposta às necessidades destas crianças. A Associação
procura ser um espaço onde cerca de 40 crianças e adolescentes se
reúnem todos os dias depois da escola para estudar, fazer os
trabalhos de casa, jogar, brincar, conviver e desenvolver algumas
atividades culturais, com a ajuda de voluntários verdadeiramente
dedicados.
Ao
acolher crianças de várias etnias e nacionalidades, o Despertar
apresenta-se como uma ocasião de aprendizagem, de integração e de
formação para viver e aceitar a diferença como um valor que nos
enriquece a todos. Um momento muito importante deste processo de
integração e valorização da diferença é a Colónia de Férias
que anualmente se realiza no mês de julho, em Santarém.
Temos
muitas histórias lindas de crianças que visivelmente melhoraram os
resultados escolares depois de começarem a frequentar o Despertar.
Este tornou-se para estas crianças e adolescentes um ponto de
referência, de tal modo que, mesmo quando não têm de estudar ou
fazer trabalhos de casa, aí aparecem.
Como
é natural, temos muitos desafios para manter o Despertar aberto e a
funcionar. O pagamento da renda, eletricidade e água são apenas
alguns deles. Mas o problema maior é que precisamos urgentemente de
ampliar o espaço em que operamos, que está a tornar-se demasiado
pequeno para o número de crianças que nos procuram.