Acerca de mim

Bairral é uma pequena aldeia a cerca de 7km de Lamego. Aí nasci a 14 de Fevereiro de 1963; sou o mais velho de onze irmãos (cinco rapazes e seis raparigas).
Nasci num ambiente familiar saudável, onde se viviam os valores cristãos, que me ajudaram a encontrar-me com Cristo. Os meus pais sempre amaram muito os seus filhos e cuidaram sempre de nós com muita dedicação, vivendo uma vida de verdadeiro sacrifício por nossa causa. Sempre nos trataram com muito carinho, mesmo nos momentos difíceis.
Na minha paróquia, Penude, vivia-se ainda um ambiente religioso onde a participação na missa dominical era obrigatória: quem não ia era criticado. Este ambiente contribuiu muito para o meu crescimento como pessoa, e para o nascimento e desenvolvimento da minha vocação missionária.
A minha aldeia era o meu mundo, até ao dia em que fui pela primeira vez para a escola. Ainda hoje lembro o meu primeiro dia de escola! Foi o despertar de um mundo que, até aí, se reduzia à minha aldeia. A escola ficava na aldeia vizinha! Nesse dia apoderava-se de mim um duplo sentimento: medo e alegria. Medo porque ia ficar ali, no meio de desconhecidos, à espera da professora que era ‘má’, diziam os mais velhos! Alegria porque já ia para a escola, e isso era motivo de orgulho para mim.
Foi na escola primária que eu ouvi falar dos Missionários Combonianos pela primeira vez. Ao ouvir o missionário (P. Turrini, italiano!) falar de Moçambique, senti pela primeira vez o apelo para a vida missionária.

Ser missionário…
Foi deste desejo de ajudar os outros que surgiu a ideia de participar num estágio em ordem a entrar no Seminário dos Combonianos. Aqui, mais uma vez, se alargaram os meus horizontes. Já não era só o mundo pequeno das duas aldeias que eu percorria. Conheci novos amigos; ouvi falar de coisas que antes nunca tinha ouvido, nem na minha família nem na escola.
Fiquei triste por não ter sido admitido ao seminário. Eu tinha onze anos e não entendia por que é que não aceitaram que eu entrasse no seminário; afinal eu queria ser missionário! Ainda hoje não sei a razão!
Oito anos mais tarde, quando tinha já 19 anos, entrei novamente em contacto com os missionários combonianos e entrei no seminário em Outubro de 1982. Foi o início da realização do meu sonho de criança: ser missionário.

África
Depois de vários anos em Portugal nas várias fases da formação, parti para o Quénia em Junho de 1989. Foi o meu primeiro contacto em pessoa com a realidade missionária. Foi também a realização do sonho que alimentara durante vários anos! Aí entrei em contacto, pela primeira vez, com a realidade da pobreza como nunca tinha visto nem sequer imaginava que pudesse existir! Foi o maior choque da minha vida.
Depois da minha ordenação sacerdotal em 1995 parti para o Sul do Sudão onde trabalhei durante três anos, nos tempos difíceis da guerra! Foram anos muito intensos na minha vida missionária! Aí aprendi a conhecer Deus na precariedade da vida, nas dificuldades do dia-a-dia, no perigo constante, mas sobretudo na certeza da Sua presença amiga e protectora.
Depois de um período de serviço missionário em Portugal, regressei à África em Setembro de 2005 – desta vez para a Zâmbia onde trabalhei em Lilanda, uma paróquia enorme na periferia da cidade de Lusaka, com uma comunidade cristã viva e entusiasta. Deus deu-me aí a possibilidade de, na minha pobreza, partilhar a minha fé com a gente simples. Esta foi uma experiência muito significativa na minha vida. Também aí aprendi a confiar em Deus.
Agora encontro-me em Portugal, nas paróquias de Camarate e Apelação, mesmo atrás do aeroporto de Lisboa, onde existe uma comunidade africana muito significativa.
Para mim ser missionário tem sido uma experiência de fé, um caminho a percorrer juntamente com a gente que Deus me confiou. O Reino de Deus acontece aqui, no meio desta gente que, apesar de tantas dificuldades, sabe celebrar o Deus da vida!
A África (os africanos!) tem-me ensinado a ser missionário e padre! Eu diria que me tem ensinado a ser cristão!
Hoje sou um homem diferente; o que eu sou hoje devo-o aos meus pais e irmãos, aos missionários combonianos, a muitos amigos, aos cristãos que, ao longo destes anos de vida missionária se cruzaram no meu caminho.

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